terça-feira, 27 de maio de 2008

Nêmesis



























Nêmesis (em grego, Νέμεσις), deusa grega da segunda geração era, segundo Hesíodo, uma das filhas da deusa Nix (a noite). Pausânias citou-a como filha dos titãs Oceano e Tétis. Autores tardios puseram-na como filha de Zeus e de Têmis. Apesar de Nêmesis nascer na familia da maioria dos deuses trevosos, vivia no monte Olimpo e figurava a justiça divina. Nêmesis era a deusa da ética. Nêmesis nasceu ao mesmo tempo em que Gaia concebeu Têmis. Gaia, preocupada com a infante Têmis, que poderia vir a ser vítima da loucura de Urano, entregou-a a Nix. Esta, cansada de tanto gerar por esquizogênise, entregou as deusas aos cuidados das moiras, as deusas do destino. Assim, Nêmesis e Têmis foram criadas como irmãs e educadas por Cloto, Laquésis e Átropo. Segue daí que as deusas além de terem atributos comuns, tiveram educação em comum. Têmis tornou-se a personificação da ética, e Nêmesis a personificação da retribuição e da justiça distributiva. Em Ramnunte localizava-se o templo de Nêmesis, e onde havia uma estátua das duas deusas juntas, atribuída a Fídias (as mais belas estátuas de Têmis e de Nêmesis). Em Ramnunte, pequena cidade da Ática não muito longe de Maratona, na costa do estreito que separa a Ática da Eubéia, Nêmesis tinha um templo célebre. A estátua da deusa foi esculpida por Fídias num bloco de mármore de Paros trazido pelos persas e destinado a fazer um troféu. Os persas tinham-se mostrado demasiado seguros da vitória (sinal de desmesura - Hibridis) e nunca tomaram Atenas, pois Nêmesis tomou partido em favor de Atenas. Nêmesis encorajou o exército ateniense de Maratona. Nêmesis representa a força encarregada de abater toda a desmesura (Hibridis), como o excesso de felicidade de um mortal, ou o orgulho dos reis, etc. Essa é uma concepção fundamental do espírito helênico:

Tudo que se eleva acima da sua condição, tanto no bem quanto no mal, expõe-se a represálias dos deuses. Tende, com efeito, a subverter a ordem do mundo, a pôr em perigo o equilibrio universal e, por isso, tem de ser castigado, se se pretende que o universo se mantenha como é.

Nêmesis castigou o rei Creso da Lídia. Creso, demasiado feliz com suas riquezas e com seu poder, é levado por Nêmesis a empreender uma expedição contra Ciro II da Pérsia, o que acabou por lhe trazer a ruina e a desgraça. Narciso, demasiado com sua própria beleza, desprezava o amor. As jovens desprezadas por Narciso pediram vingança aos céus. Nêmesis ouviu-as e causou um forte calor. Depois de uma caçada, Narciso debruçou-se sobre uma fonte para se dessedentar. Nela viu seu rosto tão belo, e admirou-se até morrer. Nêmesis era tão bela como Afrodite, pois era alva, geralmente representada na forma alada. Certa vez, Zeus sentiu uma enorme paixão perante a beleza de Nêmesis, e resolveu possuí-la de todas as formas. Nêmesis procurou evitar a união com o deus transformando-se numa gansa, mas Zeus metamorfoseou-se em cisne e uniu-se-lhe. Assim Nêmesis pôs um ovo, fruto desta união, e o abandonou. Alguns pastores encontraram-no e entregaram-no à então rainha Leda, para esta chocá-lo junto aos dela (fruto da união de Zeus na forma de cisne e de Leda). E do ovo pôsto por Nêmesis nasceu Helena de Esparta e Pólux. Nêmesis é também chamada "a inevitável".

Atualmente, o termo némesis é usado para descrever o pior inimigo de uma pessoa, normalmente alguém ou algo que é exatamente o oposto de si mas que é, também, de algum modo muito semelhante a si. Por exemplo, o Professor Moriarty é frequentemente descrito como a Nêmesis de Sherlock Holmes. É algo como o seu arqui-inimigo, algo que o anula, mas nutre-lhe um grande respeito e admiração.



Nenhum comentário:

Postar um comentário