quinta-feira, 29 de maio de 2008
Carmen
Cigana selvagem, orgulhosa, alegre, uma mulher cercada de mistério, praticante de magia, sedutora ,feliz no seu desapego pelas coisas: assim era Carmen que amava quando queria, a quem quisesse, sem se prender a ninguém...
Acima de tudo, a liberdade: roubava quando queria, planejava assassínios, se necessário, sem malícia...não conhecia regras nem escrúpulos, era um animal vivo, saltitante.
Carmen foi uma mulher que inverteu a tendência predatória do homem em relação à mulher. O predador é um ser que destrói outro ser vivo violentamente, matando e consumindo esse ser como forma de obter energia vital.
Foi a portadora de um amor que foi como um pássaro rebelde que ninguém poderia aprisionar.
Há também a comparação do olhar da cigana com o olhar do lobo. O lobo é outra metáfora de um predador que essa mulher que inverteu os papéis encarnou. Ao realizar essa inversão, caracteristicamente, foi vítima da repressão, primeiro social, acusada na fábrica de perturbar a moral burguesa, digamos assim, depois punida com a morte pela ousadia de trocar um homem por outro, ou seja, consumir um e passar adiante, decidindo sugar a energia vital de outro, ou seja, comportar-se como os homens com frequência se comportam.
Apaixona-se por um sargento do exército, José, que não corresponde de início ao amor desta. No final, José cede perante os encantos de Carmen. Ao fim de um tempo os papéis invertem-se e é Carmen quem renega José.
Carmen apaixona-se por um toureiro, Escamillo, e José enfurecido mata Carmen, arrependendo-se de imediato. Nesse momento, Escamillo triunfa no rodeo e sai em ombros pela porta grande da praça de touros, vitorioso e orgulhoso.
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