quarta-feira, 28 de maio de 2008

Domitila de Castro Canto e Melo, marquesa de Santos






























Uma estonteante morena de cabelos e olhos negros e covinhas no rosto: pelo menos quanto à aparência física há concordância. No mais, a Marquesa de Santos já foi chamada de tudo, de patriota e inspiradora das melhores decisões de D. Pedro I a simples oportunista que só se aproximara do imperador em busca de prestígio e enriquecimento pessoal. Onde estará a verdade? Certamente era uma mulher ambiciosa, ousada, competente e que passava longe da moral da época, que reservava ao sexo feminino um papel secundário e afastado da vida pública.
Nascida em São Paulo em 27 de dezembro de 1797, Domitila de Castro - chamada pelos íntimos de Titila - foi uma mulher de ação, o que já se revela pela presença de cinco planetas em signos cardinais. Não apenas tinha o Sol em Capricórnio, mas também em oposição a Saturno, o que fazia dela, antes de tudo, um "animal político". Vários fatores na carta revelam necessidade de poder e um ímpeto de ascensão na escala social. Além do aspecto Sol-Saturno, havia também a conjunção Vênus-Plutão em Aquário, que, somada à conjunção Marte-Netuno em Escorpião, contribuíam para dar-lhe uma personalidade dominadora que se impunha pelo uso da sedução e de uma boa dose de sex-appeal.
Sendo Pedro I um príncipe da casa real, seu horário de nascimento foi registrado com razoável precisão, o que permite que saibamos que seu Ascendente estava por volta de 23º de Libra. Para explicar a atração que o uniu a Domitila de Castro durante seis anos, é preciso que haja pelo menos um forte interaspecto entre os mapas de ambos, indicador de paixão e atração física. Se Domitila nasceu entre o final da manhã e o início da tarde, teria sua Lua por volta de 18º ou 19º de Áries, em oposição ao Sol do Imperador; mas se nasceu à noite, já por volta de 22 horas, teria a Lua na cúspide da 7 do Imperador, em oposição ao Ascendente deste. E mais: o Ascendente de Domitila seria Leão e seu Sol estaria na casa 5; Plutão e Vênus estariam no Descendente e Urano ocuparia a casa 1. É um mapa puramente especulativo, mas bem adequado para a favorita do Imperador, que foi rainha na prática e impôs-se à sociedade da época como um modelo precursor de comportamento assertivo e independente.

Alguns de seus biógrafos a veem como uma mulher calculista e aproveitadora, que se teria mancomunado com sua verdadeira paixão, o Chalaça, para obter o máximo proveito da relação com D. Pedro I. Verdade ou não, o fato é que não se contentou em ser apenas a companheira de alcova do Imperador, imiscuindo-se com frequência nos negócios de Estado e interferindo em nomeações e demissões de ministros. Sua influência sobre D. Pedro contribuiu para despertar ódios e torná-lo cada vez mais impopular. Após a morte da Imperatriz Leopoldina, a esperta e ambiciosa Domitila esperava que o caminho estivesse livre para casar-se com o Imperador. Não foi o que aconteceu: após presenteá-la com uma generosa fortuna, D. Pedro despachou-a de volta para São Paulo e mandou buscar uma nova mulher na Europa. A segunda esposa, D. Amélia de Leuchtenberg, era jovem, bonita e charmosa o suficiente para acalmar um pouco os arroubos de promiscuidade do fogoso marido. Domitila não demorou muito tempo para encontrar outro amor na figura de Tobias de Aguiar, um dos homens mais ricos de São Paulo. Viveram como amantes por mais de dez anos e casaram-se em 1842.
Em São Paulo, a marquesa transformou sua casa num ponto de reuniões de grupos maçônicos (o que significa dizer: um foco de permanentes debates políticos) e promovia constantes festas carnavalescas e reuniões literárias. Na velhice, dedicou-se à beneficência, auxiliando, por exemplo, dezenas de estudantes pobres. Faleceu em 1867, deixando 14 filhos (três deles com D. Pedro I).

Nenhum comentário:

Postar um comentário